O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva fez uma reunião, seguida de almoço, com os trĂȘs lĂderes do governo no Congresso Nacional e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Comunicação Social). O encontro, nesta sexta-feira (19), serviu, oficialmente, para repassar a pauta de votações de interesse do governo no Legislativo e analisar o cenĂĄrio polĂtico, em meio a uma elevação das tensões, especialmente entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o responsĂĄvel pela articulação polĂtica do Planalto, Alexandre Padilha.
Na semana passada, Lira insultou publicamente Padilha e o presidente Lula chegou a dar uma declaração em defesa do auxiliar.
"Foi uma reunião de rotina, não teve nada de emergĂȘncia. Foi uma reunião que o presidente nos convidou, os lĂderes, para apresentar um balanço desse perĂodo de votações, nada que não esteja dentro da pauta que é prioridade para o governo. Ele pediu para a gente se empenhar na votação das matérias econômicas", declarou o lĂder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), em entrevista a jornalistas após o almoço com Lula. Os senadores Jaques Wagner (PT-BA), lĂder no Senado, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lĂder no Congresso, também participaram do encontro.
Segundo José Guimarães, foi repassado ao presidente informações sobre o andamento das negociações em torno da extensão do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), até 2026, mas com limite de renĂșncia fiscal, além da expectativa em torno da apresentação dos projetos de lei de regulamentação da reforma tributĂĄria, por parte do Ministério da Fazenda, e a anĂĄlise, em sessão do Congresso Nacional, de vetos presenciais, incluindo, possivelmente, a manutenção ou derrubada do veto de Lula ao projeto de lei que restringe as saĂdas temporĂĄrias de presos. Outro veto a ser analisado é o que cortou R$ 5,6 bilhões de emendas parlamentares de comissão ao Orçamento deste ano.
"Nós vamos nos reunir com os lĂderes a partir da próxima semana e, enfim, tocar a vida porque é um semestre mais curto", observou Guimarães, em referĂȘncia ao fato de que o segundo semestre deverĂĄ ter agenda legislativa paralisada no Congresso Nacional em meio a realização das eleições municipais em todo o paĂs. Perguntado sobre a expectativa de uma nova reunião entre Lula e Arthur Lira, para afinar a relação, o lĂder do governo na Câmara disse que isso depende das agendas de ambos, mas defendeu o encontro.
"Eu acho que deve, sempre é bom. Tem trĂȘs palavras que eu resumiria: diĂĄlogo, paciĂȘncia e capacidade de articulação polĂtica para concluir o semestre", ponderou o lĂder, que também vĂȘ com bons olhos a possibilidade de uma conversa entre Lira e Padilha, se o presidente da Câmara quiser.
Guimarães também opinou sobre a necessidade de melhorar a relação de Lira, que coordena a pauta de votações na Câmara, com o governo. "Precisa fazer um consertinho aqui, outro consertinho ali, mas mas nada que atrapalhe a nossa vontade, e o presidente Lira tem tido essa vontade, de votar os projetos de interesse do paĂs", pontuou.
O lĂder do governo na Câmara ainda criticou duramente a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que avançou no Senado essa semana, e que estabelece um aumento contĂnuo no salĂĄrios de agentes pĂșblicos de carreiras jurĂdicas, chamada PEC do QuinquĂȘnio. "Se essa PEC prosseguir ela vai quebrar o paĂs, vai quebrar os Estados, não tem o menor fundamento", afirmou.
A PEC foi aprovada em votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, criando um adicional por tempo de serviço de 5% do salĂĄrio a cada cinco anos (quinquĂȘnio), até o limite de 35%. Esse percentual não entra no cĂĄlculo do teto constitucional - valor mĂĄximo que o servidor pĂșblico pode receber. A medida beneficiaria as carreiras de juiz, promotores, advocacia pĂșblica federal e estadual, Defensoria PĂșblica, delegados de polĂcia e conselheiros de tribunais de contas.
Fonte: Agencia Brasil