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Justiça

STF transmitirá ao vivo depoimentos de réus em ação de trama golpista

Os depoimentos estão marcados para ocorrer entre os dias 9 e 13 de junho

Por RONDONIATIVA 03/06/2025 às 15:06:52

Foto: Agência Brasil - EBC

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta terça-feira (3) a transmissão ao vivo dos interrogatórios dos oito réus na ação penal sobre uma trama golpista que teria atuado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo após derrota na tentativa de reeleição em 2022.

Os depoimentos estão marcados para ocorrer entre os dias 9 e 13 de junho, na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo, colegiado responsĂĄvel pelo julgamento do caso. Todos os réus foram intimados para comparecer ao local às 14h da próxima segunda (9), incluindo o próprio Bolsonaro.

Por limitação de espaço, o acesso à imprensa foi reduzido a um nĂșmero restrito de profissionais credenciados. Em caso de interesse, advogados e o pĂșblico em geral podem solicitar acesso para acompanhar presencialmente. Para isso, é preciso enviar nome completo e CPF para o e-mail [email protected] até 12h de sexta (6), com o assunto "AP 2668".

No Brasil, a regra nos processos criminais é que o interrogatório de réus seja um ato pĂșblico. Ainda que não seja comum a transmissão ao vivo do procedimento, em outras ações penais o Supremo jĂĄ autorizou a presença de jornalistas e interessados.

Os interrogatórios deverão passar na TV Justiça e no canal oficial do Supremo no YouTube. As sessões estão convocadas para os seguintes horĂĄrios, até que se encerrem todos os interrogatórios: 9/06 às 14h; 10/6 às 9h; 11/6 às 8h; 12/6 às 9h; e 13/6 às 9h.

Réus

Os oito réus na ação penal sobre o nĂșcleo "crucial" da trama golpista, composto pelos lĂ­deres do suposto complô, deverão ser ouvidos na seguinte ordem: primeiro o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista; e depois os demais em ordem alfabética:

Deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin)

Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretĂĄrio de Segurança PĂșblica do Distrito Federal.

General reformado do Exército Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)

Jair Bolsonaro, ex-presidente da RepĂșblica

General reformado do Exército Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa

General reformado do Exército Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022 (falarĂĄ por videoconferĂȘncia por estar preso preventivamente desde dezembro de 2024).

Todos foram acusados pela Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) dos mesmos cinco crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolir o Estado DemocrĂĄtico de Direito; golpe de Estado; dano qualificado por violĂȘncia e grave ameaça; deterioração de patrimônio tombado da União. Somadas, as punições podem chegar a 40 anos de prisão, pena mĂĄxima no Brasil.

Direito ao silĂȘncio

Pelas regras constitucionais e penais, nenhum réu é obrigado a responder a nenhuma pergunta, e o silĂȘncio não pode ser interpretado como confissão ou em considerado como prejuĂ­zo à defesa. É possĂ­vel responder apenas às questões dos advogados.

Mesmo intimado, o réu pode pedir dispensa do interrogatório, ou ainda não comparecer. O procedimento, porém, é a oportunidade para o réu ser ouvido diretamente sobre os crimes imputados, dando sua versão na presença do juiz responsĂĄvel, no caso, o ministro Alexandre de Moraes.

O Código de Processo Penal (CPP) prevĂȘ ainda algumas perguntas que devem ser feitas a todo réu. Por exemplo:

  • Se a acusação é verdadeira;
  • Se não for, porque acredita que foi feita e se sabe quem é o verdadeiro autor do suposto crime;
  • Se tem algo a falar contra alguma das testemunhas ou provas.
  • Onde estava quando o crime foi cometido;
  • Se teve conhecimento dos atos ilegais enquanto eram praticados.

Poderão ser feitas perguntas ainda sobre os detalhes dos fatos investigados, as provas e qualquer pormenor que possa ajudar a esclarecer a denĂșncia.

Os interrogatórios ocorrem depois de Moraes ter presidido, nesta segunda (2), a Ășltima audiĂȘncia da fase de oitiva das testemunhas de acusação e defesa na ação penal. Ao todo, foram ouvidas 52 pessoas, de acusação e defesa, além de mais duas que apresentaram manifestações por escrito. Não sendo obrigadas a falar, outras 28 foram dispensadas pelas defesas.

Próximos passos

Depois do interrogatório dos réus na próxima semana, a Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) e os advogados poderão pedir mais providĂȘncias e depoimentos, à luz do que tenha sido dito pelas testemunhas e réus. Para isso, em geral, é necessĂĄrio que tenham surgido novos fatos que justifiquem as medidas adicionais.

Caso não haja novos fatos a serem apurados, a tendĂȘncia é que o relator abra prazo para as alegações finais das partes, em que devem ser apresentadas as Ășltimas versões sobre os fatos tanto de acusação como das defesas.

Recebidas essas Ășltimas manifestações, Moraes deverĂĄ preparar seu voto sobre a condenação ou a absolvição dos réus e em seguida liberar a ação penal para julgamento também pelos demais quatro ministros que compõem a Primeira Turma do Supremo - Cristiano Zanin, Luiz Fux, FlĂĄvio Dino e CĂĄrmen LĂșcia.

Fonte: Agencia Brasil

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